Vivemos uma espécie de ditadura da imagem, uma quase proibição de textos com algum tipo de conteúdo útil ou criativo. Sob a tola ideia de que as pessoas não leem ou não se importam com redação mais elaborada, joga-se toda a responsabilidade do sucesso da mensagem sobre os ombros dos designers, esse lindo ofício onde também me encontro. Evidentemente, pensando e criando assim, o sucesso pode passar ao lado, raspando na trave.
Uma imagem pode até valer mais que mil palavras, mas uma única palavra pode definir um jogo. Nas artes, o senso contemplativo leva à compreensão da obra, ou a uma interpretação mais pessoal dela. Na publicidade, não pode haver senso de contemplação, tem que haver bom senso.
Portanto, um anúncio com “leiaute” descolado e texto fraco sempre deixa a desejar. Melhor dizendo, sempre deixa muito pouco para o consumidor desejar…
Para amparar um pouco mais este pensamento, vamos ponderar por alguns segundos sobre o panorama atual da comunicação: temos um verdadeiro bombardeio de informações por todos os lados e em todas as mídias, algo infinitamente maior do que tínhamos há 10 anos.
Em meio a essa guerra, há zilhões de mensagens publicitárias de toda a sorte, sobre milhares de produtos praticamente idênticos. Dentre esses incontáveis anúncios, tentamos rapidamente relembrar apenas um cujo slogan ou chamada nos prendeu a atenção…
Enquanto você vasculha a mente em busca desse solitário anúncio, diversos outros já caíram no limbo. Ou seja, se já é dificílimo marcar certas marcas no mercado, como será se abrirmos mão do apelo textual para reforçar as mensagens?
Não tem jeito, amigo, propaganda sem a cabeça pensante do redator não é nenhuma Brastemp, não tem mil e uma utilidades, não tem a energia que dá gosto, não desce redondo, simples assim.
Não é porque o mundo tem se tornado cada vez mais superficial que a publicidade também deve ser assim. Pelo contrário, além de ajudar substancialmente a divulgação de marcas e serviços a redação publicitária pode e deve ajudar de alguma maneira as pessoas a melhorarem sua compreensão da relação desejo x necessidade.
Um bom texto prende a atenção, cria empatia, tem mais chances de fixar essa ou aquela mensagem na cabeça do público. Por mais detonado e depreciado que esteja o nosso português ele ainda é a língua que falamos, compreendemos e que tanto pode nos emocionar.
Finalizo como comecei: apelo publicitário esvaziado de conteúdo é capenga, pobre e pouco seduz. Cuide muito bem da sua redação, ou sua marca que se cuide!
Mayer Lana
Designer e Diretor de criação da Agência Mosca